domingo, 23 de maio de 2010


LÁGRIMAS
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Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.
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Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-se cantando alegres cantos.
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E dizia-lhe então, de olhos enxutos;
- “Tu pareces nascida de rajada,
Tens despeitos raivosos, resolutos;
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Chora, chora, mulher arrenegada;
Lacrimosa por esses aquedutos…
Quero um banho tomar de água salgada.
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Cesário Verde

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