domingo, 21 de novembro de 2010


PRAIA
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Nuvem, caravela branca
no ar azul do meio-dia:
- quem te viu como eu te via?
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Rolavam trovões escuros
pela vertente dos montes.
Tremeram súbitas fontes.
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Depois, ficou tudo triste
como o nome dos defuntos:
mar e céu morreram juntos.
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Vinha o vento do mar alto
e levantava as areias,
sem ver como estavam cheias
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de tanta coisa esquecida,
pisada por tantos passos,
quebrada em tantos pedaços!
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Por onde ficou teu corpo,
- ilusão de claridade -
quando se fez tempestade?
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Nuvem, caravela branca,
nunca mais há meio-dia?
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(Já nem sei como te via!)
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Cecilia Meireles

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