domingo, 8 de maio de 2011

POR DELICADEZA
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Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei
.
Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado
.
Daçarina fui
Mas nunca bailei
Deixei-me ficar
Na prisão do rei
.
Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado
.
Bailarina fui
Mas nunca bailei
Minha vida toda
Como cega errei
.
Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse
Também direi:
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"Juventude ociosa
Por tudo iludida
Por delicadeza
Perdi minha vida"
.
Sophia de Mello Breyner Andresen
In "Poemas Escolhidos"

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